“UM CURSO DE AMOR” Comparado a “UM CURSO EM MILAGRES” (Celia Hales)

UCDA Comparado a UCEM

Por Celia Hales,publicado em seu blog “Miracles Each Day”

A escrita canalizada de Mari Perron, Um Curso de Amor, numa nova edição combinada – O Curso, Os Tratados e Os Diálogos, acrônimo UCDA, é uma narrativa belamente representada, que vejo como uma sequência de Um Curso em Milagres. Ela escutou internamente, como me relatou em uma entrevista quando a conheci em St. Paul há mais de uma década atrás, que UCDA foi-lhe apresentado por Jesus como “outro Curso em Milagres.” Ela disse que, por volta de uma semana antes, havia concordado em assumir um projeto muito grande, um projeto que eventualmente a levou a renunciar ao seu emprego na Universidade de Minnesota nas Cidades Gêmeas, para se dedicar em tempo integral à canalização. A canalização foi feita no final do século XX e início do século XXI. Mari é a escriba; Jesus, como muitos acreditam, é o canalizador.

O Curso: o Primeiro Livro

Nas minhas leituras, não encontrei contradições de nenhuma espécie com UCEM. Minha avaliação sintética é de que UCDA é para o coração o que UCEM é para a mente. Jesus diz que ele está combinando mente e coração em O Curso para levar a um estado que ele chama de “plenitude de coração”. Há muitas passagens consoladoras, notavelmente um convite maravilhosamente feito para se juntar a Jesus em um abraço que nos conforta e nos sustenta, e que retornamos em um abraço recíproco. Ele nos convida a chorar, ainda que saibamos que ele não nos deixará chorando, mas, em vez disso, nos elevará para a sua visão de vida e amor, que devem ser vividos.
Há muito em UCDA sobre o fato de que nossa ficção de um ser separado deve ser substituída pela união que pode ser compreendida apenas no relacionamento um com o outro. Como em UCEM, este é destinado a ser um relacionamento santo, e não um relacionamento especial. Jesus nos pede que sirvamos uns aos outros e afirma que isso descreve a natureza circular do universo: servir e ser servido. Jesus está muito preocupado, em toda a série de três volumes, com que não continuemos buscando nossas respostas; devemos descansar na visão de que sabemos o suficiente para viver no amor. Ele fala sobre o fato de que aparentemente estamos sempre buscando, mas estamos cansados, e ele sabe que nos questionamos sobre quando esta procura finalmente chegará ao fim. Em UCDA, a busca finalmente chega ao fim. A segunda e terceira partes, Os Tratados e Os Diálogos, particularmente nos propõe a deixar para trás nosso intelectualismo e para escutar, com plenitude de coração, nossa mente e coração em conjunção com o outro. Nessas partes finais, particularmente a última, ele renuncia a ser nosso professor e nos fala como um de nós.

Os Tratados: o Segundo Livro

Quando comecei a ler pela primeira vez a segunda das três partes, Os Tratados, fiquei convencida de que Jesus era o autor; foi uma decisão intelectual, em parte baseada na novidade do material e em sua complexidade. Somando a isso, o fato de não haver contradições com UCEM teve um grande peso na minha decisão. Os Tratados são quatro em número e fornecem uma estrutura intelectual de maneiras que os outros dois volumes não fazem. Eles são mais difíceis de entender, mas a mesma bela linguagem está lá, junto com a franqueza que aprendi a associar a Jesus. Nas primeiras páginas, ele nos pede para escolher um milagre e explica que isso nos ajudará a compreender o que está dizendo. Mais para frente, ele afirma, alinhado com o pensamento oriental, que a atenção plena será um complemento para a “plenitude de coração”.
Conforme o texto segue, há muitas coisas novas nele – ideias que retomam o que foi deixado de fora de UCEM, com o tempo do Espírito Santo e afirmações de que estamos agora no tempo da Consciência Crística. Sempre houve indivíduos que incorporaram a Consciência Crística, mas nenhum (exceto Jesus, podemos acrescentar) que a sustentou. Jesus não promete uma Segunda Vinda física, assim como não o fez em UCEM, mas ele indica que agora é a hora de sustentar a Consciência Crística por mais e mais pessoas e afirma que as crianças nascidas agora habitarão um mundo bem diferente daquele dos seus ancestrais.
Jesus afirma, categoricamente, que UCEM e Um Curso de Amor trabalham de mãos dadas. UCEM tinha o objetivo de deslocar o ego e UCDA se baseia nesse sucesso, dando-nos as ferramentas com as quais trabalhar. No volume final, Os Diálogos, ele declara que agora estamos realizados e apresenta uma cartilha feita para ser lida e compreendida durante quarenta dias e noites. Estamos trabalhando em uma ascensão de quarenta dias para elevar o Ser da forma em nossa terra.
Muito esforço é dedicado ao falso pensamento que temos sobre continuar a busca num caminho sem fim. Quanto é o bastante? Quando a busca termina? Jesus enfatiza que estamos prontos agora, uma vez que trilhamos toda a jornada (a qual ele descreve no final da terceira parte, Os Diálogos) e que uma busca interminável não é o que ele quer para nós. Deixaremos os aspectos grosseiros de nossas personalidades desaparecer, sabendo que somos amados e que atingimos a Cristandade que ele nos prometeu.
No que aparenta ser um afastamento de UCEM, Jesus alega que nenhum sentimento é ruim. Em UCEM, ele havia dito que a raiva nunca é justificada. Em Um Curso de Amor, ele aponta diferentes aspectos da personalidade que não nos impedem de aceitar a Consciência Crística plenamente. Alguns destes aspectos são negativos, mas ele nos oferece uma visão de que podemos ter essas peculiaridades indesejáveis, indesejáveis para nós, deixadas de lado se não nos preocuparmos com elas. Caso contrário, parece que devemos simplesmente ser tolerantes com os nossos aspectos que estarão sujeitos a mudanças enquanto crescemos na Consciência Crística.
Em UCEM, a perfeição é vista como um pré-requisito, e foi dito que Jesus estaria até o final do tempo para desfazer esses erros em nós que, de outra forma, não conseguiríamos desfazer. As diferenças entre esses dois pensamentos talvez não sejam tão grandes quanto imaginamos, se lembrarmos do Novo Testamento, em que o homem Jesus, a vida exemplo da Consciência Crística, ficou irado na última semana de sua vida com os agiotas no templo.
Acreditar que podemos manter alguns aspectos negativos e, ainda assim, ascender para a Consciência Crística é uma afirmação memorável que parece boa demais para ser verdade. Entretanto, acredito que é verdade e que é apenas nosso próprio ego que alegaria que essa nova compreensão é arrogância. Esta é a sugestão, discutida acima, de Um Curso de Amor, que não precisamos ser perfeitos para sermos o Ser elevado da forma neste mundo. Isso é extremamente tranquilizante, porque quantos de nós tenta e tenta, apenas para cair repetidamente? Isso é desanimador para aqueles de nós que trilha o caminho espiritual e a afirmação de Jesus nega a realidade da perfeição como um critério para que ele nos aceite como Consciência Crística. Essa afirmação é uma das mais surpreendentes nos volumes e, talvez, a mais controversa.
Os relacionamentos são vistos na mesma linha do que em UCEM e os relacionamentos especiais devem se transformar em relacionamentos santos. Isso mudará tudo. Existiremos em união com nossos irmãos e irmãs, em relacionamento, e isso alimentará a nova forma Crística que ocupamos.

BLOG MIRACLES EACH DAY (CELA HALES)
FONTE: SITE OFICIAL DO LIVRO UM CURSO DE AMOR

O mundo é uma ilusão? (Mari Perron, “Primeira Receptora” de “Um Curso De Amor”)

O mundo é uma ilusão?

Publicado por Mari Perron na newsletter “O Abraço” (Edição 35) que veicula mensalmente no site acourseoflove.org

A ilusão, tratada tanto em Um Curso em Milagres como em Um Curso de Amor, não se trata da física. Não se trata da ciência. Vemos uma ilusão quando não vemos a verdade. A ilusão não é a realidade, simplesmente é tudo aquilo que a realidade não é. Nossas ilusões nos impedem de sermos verdadeiros.
Este assunto surgiu novamente porque Gary Renard, em seu novo livro, descreve UCDA como uma “imitação” de UCEM, “uma distração dualista” e incluiu, na íntegra, uma resenha crítica de Dr. Robert Rosenthal, Co-Presidente da Fundação para Paz Interior, editora do UCEM. Seu principal argumento é que UCDA eleva o mundo ilusório como algo novo e desejável, enquanto que, em sua visão, qualquer coisa física – toda e qualquer forma – é necessariamente ilusória.
Ao ponderar aquilo que ouvi e li do novo livro de Gary Renard, uma frase de UCDA veio à minha mente: “Te sentes belo, apreciado e digno?” (C: 26.6) Não seria o “não sentir-se belo, apreciado e digno” aquilo que compõe a ilusão?
A ilusão é acreditar que estamos separados e não somos amados em um mundo amedrontador. Isso foi o que nos ensinaram e, uma vez que essas ideias falsas foram aprendidas, nos levaram diretamente a ideias de quem somos e que “deveríamos” ser. Por nos sentirmos sozinhos, tentamos com muito esforço ser quem éramos esperados que fôssemos e, ainda assim, nunca conseguiríamos ser. Ficamos cada vez mais amedrontados e desenvolvemos um ego para nos defender e nos proteger de um mundo no qual nunca seríamos bons o suficiente.
Poucos de nós se sentem inerentemente belos, apreciados e dignos como quem somos. Um ciclo, do qual não conseguimos nos libertar, foi desenvolvido, o ciclo do sistema de pensamento do ego. Não importando quão agressiva a voz interior do ego fosse, não conseguimos nos libertar. É nessa situação que nos encontramos quando começamos com UCEM.
Ao iniciar UCDA, na página 5, Jesus diz que UCEM conseguiu “ameaçar” o ego e que essa enorme conquista abriu uma nova e importante possibilidade: O mundo, como um estado de ser, como um todo, entrou em um tempo, trazido em grande parte por Um Curso em Milagres, sobre o qual paira um estado de mentalidade milagrosa. Um Curso em Milagres abriu uma porta ao ameaçar o ego. Todos aqueles que, com os egos enfraquecidos, caminharam neste mundo com a esperança de deixar o ego para trás e com a meta da mentalidade milagrosa, despertaram os seres humanos para uma nova identidade. Deram um passo em um tempo em que nossa crise de identidade chega ao fim. Desde que Jesus caminhou pela terra, não havia existido tempo assim sobre a humanidade.
Os dois cursos vieram para nos guiar além da ilusão para a verdade. No entanto, em algum ponto ao longo do caminho, começou-se a falar da ilusão como se fosse mais verdadeira do que a verdade! A queda ou o desaparecimento do universo – toda forma e fisicalidade que vemos “como real” – foi considerada ilusão. Não é. Sua substituição foi considerada o fim da dualidade. Não é.
A unidade é o fim da dualidade. Não se trata de rejeição, mas sim inclusão. Não se trata de deixar de se preocupar com o mundo, mas sim de redimir o mundo ao ver a verdade em vez da falsidade.
O corpo, nossas formas – sobre as quais mantivemos crenças e sentimentos incorretos – não são a totalidade de quem somos. No entanto, enquanto vivemos nestas formas por um tempo com amor, compaixão e confiança na criação de Deus que somos nós, começamos a expressar a verdade em nossas vidas. Tudo o que vem do amor é revelado. Toda a sabedoria das eras chega através desses veículos da forma para retornar todos nós à realidade de nosso verdadeiro Eu – agora. Não precisamos viver no “inferno na terra”, na falsa realidade do ego.
Somos os criadores, juntamente com Deus, da nossa realidade. Quando abandonamos o inferno do sistema de pensamento do ego, podemos acolher a unidade e trazer a verdade do Céu para a Terra.
Esses Cursos não foram criados na ilusão. Foram criados na realidade da verdade, para revelar a verdade. A verdade é perfeitamente capaz de entrar no mundo, assim como Jesus o fez uma vez, e de nos chamar, assim como Jesus fez em vida, bem como no final de UCEM e em todo UCDA, para aceitar quem somos e que nós, em Cristo, somos capaz de fazer: restaurar ou recriar o mundo. Criando o novo.
Ambos os Cursos descrevem dois “mundos” completamente diferentes. Por um lado, somos convidados a permitir que o mundo desapareça no nada do qual veio. O mundo do nada é o aquele que “nós” – o ego – fez. É a “ilusão insana”, a projeção não perdoada. Portanto, “não existe mundo (egoico)!”
No entanto, também somos convidados a ser salvadores do mundo ao perdoarmos – abandonarmos – a ilusão. O Manual de professores de UCEM descreve a qualidade da mente aberta dos verdadeiros professores de Deus: “Eles abandonaram tudo o que impede o perdão. Na verdade, abandonaram o mundo e permitiram que este lhes fosse restaurado com tal frescor e em alegria tão gloriosa, que nunca teriam podido conceber tamanha mudança. Nada é agora como era antes. Nada deixa de cintilar agora, que antes parecia tão opaco e sem vida.” M-4.X.2
Fazer distinção entre esses dois “mundos” é separar o falso do verdadeiro. O “mundo” ilusório é uma projeção egoica. O “mundo” real – restaurado – de Deus é uma extensão criativa de Deus, um reflexo da unidade. Como Jesus diz em ambos os Cursos: somos uma ideia de Deus e ideias não deixam sua fonte.
A forma como nos referimos ao “mundo” de duas maneiras é semelhante à maneira como nos referimos à “mente”. Nossas mentes são associadas aos nossos cérebros, intelecto e ego, bem como com a mente que compartilhamos com Deus. Em um contexto, o significado dessas afirmações em ambos os cursos é claro. Fora de um contexto, ele pode ser distorcido. Nossas ilusões estão dentro de nós. Nós as projetamos “lá fora”. Quando deixamos de ver com os olhos do ego, paramos de ver a ilusão e começamos a ver a verdade.
Gary diz que fiz uma declaração pública de que não acredito na ilusão. Isso é verdade. O que é ilusão para que eu deva acreditar nela? Mais uma vez, no entanto, o contexto seria útil. Eu disse estas palavras na conferência Milagres nas Montanhas em 2012:
“Eu não acredito que o mundo seja uma ilusão. Eu acredito que o mundo egoico seja uma ilusão. E acredito que, à medida que deixamos o mundo do ego para trás, voltaremos a entrar no nosso mundo sagrado, e podemos cuidar do nosso mundo sagrado e de nossa Terra sagrada… Somos parte do amor que desabrocha da Criação.”
Foi uma das coisas mais corajosas que já fiz e me sinto orgulhosa por ousar dizer isso, naquela ocasião e agora. Não aceite a minha palavra como verdadeira. Convido você a ir até a fonte.

DO SITE OFICIAL DO LIVRO “UM CURSO DE AMOR”

Compreender e mal interpretar “UM CURSO DE AMOR” (Glenn Hovemann, editor)

Compreender e mal interpretar “UM CURSO DE AMOR”
(Glenn Hovemann, editor)

Muitos professores de Milagres recentemente circularam e compartilharam um material que compara Um Curso em Milagres (UCEM) a Um Curso de Amor (UCDA) e afirmam que este último é uma “regressão” e uma “tentativa de preservar algum valor para o ser individual e o corpo.” Fiquei surpreso, embora eu aprecie uma conversa que leve a uma melhor compreensão. É uma oportunidade para compartilhar amor e diálogo.
Há cinquenta anos, Jesus ditou 1250 páginas magníficas a Helen Schucman. Quando UCEM chegou em minha vida em 1978, eu sabia com certeza que era verdadeiro. Com o passar dos anos, ele provocou uma revolução espiritual. Por que ditar outras 700 páginas a Mari Perron? Por que ele deu um nome tão similar como “Um Curso de Amor”? Por que ele o identificou como uma “continuação”? E pelo fato de UCDA obviamente não ser uma mera reformulação de UCEM, o que está acontecendo?
Antes de tentar responder estas questões, talvez seja útil rever algumas maneiras em que os dois cursos são intimamente relacionados. Em ambos os Cursos, Jesus se apresenta como sendo a Fonte. Ambas as escritoras, Helen Schucman e Mari Perron, descrevem eventos extraordinários em torno de sua transmissão. Nenhuma das duas mulheres poderiam ter escrito tal obra por conta própria. Em última instância, a autenticidade de materiais canalizados, ou de qualquer ensinamento espiritual, é uma questão de sabedoria interior. Com base em minha experiência, aceito UCEM e UCDA como tendo igual autenticidade. Milhares e cada vez mais pessoas também aceitam.
Ambos os Cursos são da mesma tradição. Ambos usam terminologia idêntica e especializada para transmitir temas chave. Ambos se referem ao fato de que ego “fez” seu mundo por meio da “projeção”, em contraposição ao Espírito, que “cria” ao “estender” a si mesmo. De maneira similar, a solução de UCEM para o pecado é “perdoar o Filho de Deus por aquilo que ele não fez.” Como UCDA coloca, O verdadeiro perdão simplesmente olha além da ilusão para a verdade, onde não há nenhum pecado a ser desculpado, nenhum erro a ser perdoado. (C:16.12) (Para uma melhor leitura, todas as citações diretas de UCDA estão em roxo)
Os dois Cursos afirmam que somos ideias de Deus, incluindo a noção de que Deus, o Pai, é uma ideia. UCEM: “O que achas difícil aceitar é o fato de que, como teu Pai, tu és uma ideia.” (T-15.VI.4:5) UCDA: O pensamento de Deus sobre ti é uma ideia de verdade absoluta. Tua existência se origina dessa ideia e dessa verdade. A existência do ego se originou de tua ideia de um ser separado, um pensamento ou ideia de inverdade absoluta. (T3:7.1) Como sabemos, ideias não deixam a sua fonte.
Ambos os Cursos falam de Cristo como sendo a identidade que compartilhamos. UCEM: “Cristo é o Filho de Deus como Ele O criou. É o Ser que compartilhamos, unindo-nos uns aos outros e também a Deus.” (L-pII.6:1) UCDA: O Cristo em ti é tua identidade compartilhada. C:P.39
Ambos falam da grande diversidade da criação. UCEM: “A criação é a soma de todos os Pensamentos de Deus, em número infinito, onipresentes e ilimitados.” (L-pII.11:1)
UCDA: “As expressões de amor são tão inumeráveis quanto as estrelas no universo, tão abundantes quanto a beleza, tão multifacetadas quanto as pedras preciosas da terra. Digo mais uma vez que igualdade não significa mediocridade nem uniformidade. Tu és uma expressão única do mesmo amor que existe em toda a criação.” (C:20.30)
Estes significados são idênticos e centrais nos dois Cursos.
O Curso original não se apresentou como a palavra final. No Epílogo do Livro de Exercícios, afirma: “Este curso é um começo, não um fim.” E ao se referir ao Espírito Santo, acrescenta: “E agora eu te coloco nas mãos Dele para seres o seu fiel seguidor… Deixa-O continuar te preparando.” (L-Epílogo.1,4)
Há cinquenta anos atrás, a consciência do ego estava profundamente arraigada. UCEM chegou e fez a limpeza pesada. De acordo com UCDA, o Curso original abriu uma porta ao ameaçar o ego. C:P.5
O trabalho, entretanto, não terminou simplesmente porque ainda temos que aceitar totalmente nossa identidade como Cristo. Ainda temos que aceitar totalmente e, portanto, experimentar nossa realização. Em outras palavras, ainda temos que ir “além do aprendizado”. Ir além do aprendizado era o que UCEM pretendia realizar. Como dito na Lição 169: “O passo final deve ir além de qualquer aprendizado.” Ele diz que o que vai além do aprendizado é a graça, a sabedoria que vem por meio da aceitação do amor de Deus. UCDA diz: Enquanto continuas esforçando-te para aprender aquilo que não pode ser aprendido, e enquanto continuas a ver a ti mesmo como um estudante que tenta obter aquilo que ainda não tens, não podes reconhecer a unidade em que existes e estar livre do aprendizado para sempre. (A.4)
Ele diz que aderir a um padrão de aprendizado que nos serviu antes, e o fato de não reconhecermos a unidade é a única razão para a continuação do material didático fornecido em Um Curso em Milagres.
Quantas pessoas se dedicam cuidadosamente ao Curso? Eu já fui uma delas por muito tempo. E tenho que admitir que, apesar das décadas de estudo, oração, alguma quietude da mente e uma paz muito maior, eu ainda sentia que “algo estava faltando.” Somos treinados desde o jardim de infância a sermos estudantes, a sermos aprendizes. A educação foi colocada em um pedestal muito alto em nossa sociedade. Infelizmente, o conhecimento não nos leva de volta para Casa. Saber, sim. Experimentar, sim.
O novo Curso de Jesus não é projetado para a mente, a qual comumente igualamos a aprender, mas para o coração, que já sabe. “Não é um caminho de pensamento e esforço, mas um caminho de sentimento, simplicidade e relacionamento direto. (A.4). Esse tipo de aprendizado sem esforço e sentir é diferente daquele com que estamos acostumados.
UCDA é uma transmissão espiritual em forma de livro. Esteja preparado para lê-lo de uma maneira diferente, com uma atitude diferente. Se for abordado como um livro didático, com a cabeça guiando o caminho, nem mesmo comece! Se UCDA for abordado de forma mental, com os olhos no retrovisor para compara-lo com UCEM, talvez ele lhe confunda. Numerosas vezes em UCDA, Jesus pede, como nessa passagem: Enquanto lês, atenta-te ao teu coração, pois é aí que esse aprendizado entra e onde permanecerá. Teu coração se converte agora em teus olhos e teus ouvidos. (…) A única mudança de pensamento que te é pedida é que compreendas que não precisas dela. (C:3.14)
UCDA não fala para a mente egoica. Isso seria fútil. Nem mesmo fala para o espírito, que não precisa de instrução. Em vez disso, é direcionado para “o Cristo em ti”, para despertar a consciência Crística esquecida. O Cristo em ti é o que é capaz de aprender, em forma humana, o que significa ser uma criança de Deus. (C:P.7). Mas é necessária muita disponibilidade para mergulhar profundamente em outro Curso extenso com uma mente inocente que possa, pelo menos por um tempo, suspender o julgamento e dizer: “Eu não sei.”
A partir dessa compreensão, para aqueles que desejam comparar e contrastar, vamos abordar mais especificamente as questões levantadas. Em um nível, a questão principal é se UCDA é ou não uma tentativa de preservar um valor para o ego. Em um nível mais profundo, a questão é se UCEM e UCDA concordam com o que nos é oferecido eternamente, além de todo aprendizado.
A fusão do céu e da terra sempre foi a meta de Jesus, como em seu Pai Nosso – “Seja feita a Vossa Vontade assim na Terra como no Céu.” UCEM diz: Passará o Céu e a terra significa que não continuarão a existir como estados separados. (T-1.III.2) Porém, ele não elabora exatamente como o céu e a terra “continuarão a existir” inseparavelmente. UCEM é frequentemente interpretado como se dissesse que toda forma é ilusão, o que implica que a terra simplesmente deverá passar e não se fundirá ao céu. UCDA, por sua vez, claramente afirma que a forma tem um importante e contínuo papel na Expiação e que, considerar toda forma como ilusória é uma interpretação equivocada; que a forma, em si mesma, é neutra e a percepção equivocada da forma é o que é ilusória.

  • Ela [a mente] permaneceu entre ti e teu próprio conhecimento interior, presa em um sonho de percepção. ( A.19)
  • Tua percepção criou uma realidade irreal daqueles separados e que não são amados, frequentemente chamada de inferno ou inferno na terra. ( D:Dia16.15)
  • A consciência Crística substitui a percepção pelo saber. (D:Dia12.7)
  • A visão verdadeira vê a vida eterna onde a percepção via apenas a vida finita e os corpos mortais. (T4:4.14)

Como os estudantes de Milagres bem sabem, UCEM usa a comparação repetidamente como técnica de ensino. Compara muitas vezes o real e o irreal, o falso e o verdadeiro, e o medo e o amor, para apontar a insanidade da percepção do ego. Em UCDA, Jesus reflete em seu estilo próprio de ensino e diz: Para alguns de vós, a repetição das propriedades daquilo que é falso, que ajudou vosso aprendizado [em UCEM], pode agora atuar como um obstáculo à tua aceitação, pois te agarras a ideias acerca de falsa representação, em vez de abandona-las para acolher a verdadeira representação. No tempo do aprendizado, estavas tão enraizado em tuas falsas crenças, que sua insanidade precisava ser declarada repetidas vezes. No entanto, à medida que entramos nesse novo tempo da forma elevada, essas mesmas ideias – ideias que muitos de vós relacionastes à forma em vez de à vossa percepção da forma – devem ser rejeitadas. (D:6.2)
UCDA ensina que a forma, sendo por si só neutra, é uma representação falsa (ego) ou uma representação verdadeira (Consciência Crística). De ambos os jeitos, a forma é simplesmente uma representação do significado que lhe é atribuído. A representação falsa que pressupõe que o ego é o ser é aquilo que levou ao mundo que vês. A representação verdadeira do Ser que tu és (…) levará à visão verdadeira e a um novo mundo. (T3:1.3) O corpo não é o que somos (“Eu não sou um corpo”), mas ele pode representar, ou revelar, o Cristo na terra. Este milagre dará um passo a um novo estado, em que apenas “as leis do amor de Deus” existem mesmo na realidade física (T3:12.7).
Estas ideias não são alheias ao Curso original, que diz:

  • É a Sua Santidade que ilumina o Céu e que traz à terra o puro reflexo da luz do alto, em que a terra e o Céu estão unidos como um só. (L-182.4)
  • Tu és o próprio Filho santo de Deus. Lembra-te disso e a terra e o Céu serão um só. (L-191.11)

Certamente, há pontos de potencial confusão entre os Cursos. Por exemplo, UCEM diz: “A “realidade” da morte está firmemente enraizada na crença segundo a qual o Filho de Deus é um corpo. E se Deus tivesse criado corpos, a morte seria verdadeiramente real. Mas Deus não seria amoroso.” (M-27.5:1-3) Para a percepção do ego, a morte é bastante real mas, de fato, é ilusória. No entanto, o Cristo, como Jesus demonstrou corporalmente, não está sujeito à morte e não é ilusório. É a este Ser Crístico que UCDA se refere, várias vezes, como o “espírito ressuscitado na forma”, “a ascensão do corpo”, ou mais comumente, como “o Ser elevado da forma.”
Na minha opinião, UCDA não contradiz UCEM, mas oferece perspectivas adicionais, que podem dar origem a uma compreensão mais profunda. Uma destas perspectivas diz respeito ao corpo e à fisicalidade: ele convida a uma experiência de verdade – liberdade, alegria, luz – que pode acontecer se soubermos que NÃO somos corpos – mesmo enquanto ainda os temos! O corpo se tornou um ajudante. Enquanto escrevo, estou intensamente consciente da pobreza das palavras. Tentei resolver uma aparente contradição usando as ferramentas da “velha mente”, a mente habitual que fatia e pica, que sempre compara e interpreta, a mente que sempre está em busca algo. Uma maneira melhor só pode ser sugerida naquilo que Jesus explica em detalhes como a arte do pensamento. A arte do pensamento é uma dádiva que surge do interno. Abrange tanto a completude quanto o relacionamento. É o milagre de ver de maneira diferente.
Jesus quer muito que escolhamos a Consciência Crística – a experiência de unidade – agora, nessa vida. Desde o começo de minha imersão em UCDA, e a cada leitura, tenho a nítida sensação do deleite de Jesus acerca do fato de que sua missão está atingindo uma crescente, um ponto sem volta. Estamos à beira de algo genuinamente novo, algo que a terra nunca viu antes. UCDA apresenta um portal para o amor, que não pode ser ensinado, mas pode ser experimentado como nossa verdadeira identidade, e compartilhado. Assim, seus Cursos se desenvolvem em força e beleza.
Um Curso de Amor não preserva um domínio para o ego. Em vez disso, ele nos chama para a nossa herança que está além do ego. Estou sugerindo que UCDA é um “próximo passo” necessário a todos os estudantes de Milagres? Não, apenas que os buscadores verdadeiros decidam por si mesmos, guiados pelo coração e não pela mente.

Glenn Hovemann, estudante de UCEM desde 1978, é editor da Take Heart Publications, que publicou Um Curso de Amor. Ele deseja agradecer o encorajamento e a assistência generosa de Laurel Elstrom, Celia Hales, Heather Holmes, Michael Mark, Mari Perron e Christina Strutt para este artigo.

FONTE: SITE OFICIAL DO LIVRO “UM CURSO DE AMOR”