O Dom Supremo – 7 de 7

O DOM SUPREMO
Henry Drummond
7 de 7

Estou quase acabando este longuíssimo sermão. Mas, antes, quero fazer uma proposta: quanto de vocês querem juntar-se a mim, para ler este trecho da carta aos coríntios, pelo menos uma vez por semana? Quem quiser, que o faça durante os próximos três meses. Um homem assim o fez, e mudou completamente sua vida. Ou então vocês podem começar por ler esta epístola uma vez por dia, principalmente os versos que descrevem a maneira de agir que combina com o Amor: “O Amor é paciente, é benigno, o Amor não arde em ciúmes.” Coloquem estes ingredientes na vida de vocês. A partir daí, tudo o que fizerem passará a ser Eterno. Vale a pena dedicar um pouco de tempo para aprender a arte de Amar.
Nenhum homem se torna santo enquanto dorme; é necessário rezar, meditar. Da mesma maneira, qualquer melhora, em qualquer sentido, requer preparação e cuidados. Exijam de si mesmos: viver uma vida plena e correta. Se vocês olharem para trás, perceberão que os melhores e mais importantes momentos da vida foram aqueles onde estava presente o Espírito do Amor.
Quando olhamos nosso passado – e não nos detemos nos prazeres transitórios da vida -, notamos que os momentos marcantes de nossa existência são aqueles em que vivíamos o amor; ou que, escondidos, fizemos algo de bom para alguém. Coisas às vezes tolas demais para serem contadas, mas que, por frações de segundo, nos fizeram sentir como se estivéssemos mergulhados na Eternidade.
Eu já vi quase todas as belas coisas que Deus criou. Já gozei quase todos os prazeres que um homem pode gozar. Mesmo assim, ao olhar meu passado, sobram apenas quatro ou cinco momentos – geralmente muito curtos – em que pude fazer uma pobre imitação do Amor de Deus. São esses momentos que justificam minha vida. Todo o resto é passageiro. Qualquer outro bem ou virtude é apenas uma ilusão. Esses pequenos atos de Amor que ninguém reparou, que ninguém conheceu, justificam minha vida. Porque o amor permanece.
Mateus nos dá uma descrição clássica do Juízo Final: o Filho do Homem senta-se em um trono, e separa, como um pastor, os cabritos das ovelhas. Nesse momento, a grande pergunta do ser humano não será: “Como eu vivi?” Será, isto sim: “Como amei?” O teste final de toda busca da Salvação, será o Amor. Não será levado em conta o que fizemos, em que acreditamos, o que conseguimos. Nada disso nos será cobrado. O que nos será cobrado: nossa maneira de amar o próximo. Os erros que cometemos nem sequer serão lembrados. Seremos julgados pelo bem que deixamos de fazer. Pois manter o Amor trancado dentro de si é ir contra o Espírito de Deus, é a prova de que nunca O conhecemos, de que Ele nos amou em vão, de que Seu Filho morreu inutilmente. Deixar de Amar significa dizer que Deus jamais inspirou nossos pensamentos, nossas vidas, e que nunca chegamos perto Dele o suficiente para sermos tocados por seu exuberante Amor. Significa que “eu vivi por mim mesmo, pensei por mim mesmo, por mim mesmo, e ninguém mais – como se Jesus jamais tivesse vivido, como se Ele jamais tivesse morrido.”
É diante de Deus que as nações do mundo serão reunidas. É na presença de todos os outros homens que seremos julgados. E cada homem julgará a si mesmo. Ali estarão presentes aqueles que encontramos e ajudamos. Ali também vão estar aqueles que desprezamos e negamos. Não há necessidade de chamar qualquer Testemunha, pois nossa própria vida se encarregará de mostrar, na frente de todos, o que fizemos. Nenhuma outra acusação – além da falta de Amor – será proferida. Não se enganem; as palavras que neste Dia ouviremos não virão da teologia, não virão dos santos, não virão das igrejas. Virão dos famintos e dos pobres. Não virão dos credos e das doutrinas. Virão dos desnudos e dos desabrigados. Não virão das Bíblias e dos livros de orações. Virão dos copos de água que damos ou deixamos de dar.
– Quem é Cristo?
É aquele que alimentou os pobres, vestiu os nus, e visitou os doentes.
– Onde está Cristo?
“Todo aquele que receber uma criancinha destas em seu nome, também me recebe.”
– E quem está com Cristo?
Aquele que ama.
Quando o rapaz acabou de falar, o sol já havia se posto. As pessoas se levantaram, em silêncio, e foram para as suas casas. Nunca mais, pelo resto de suas vidas, esqueceriam aquele dia. Haviam sido tocadas pelo Dom Supremo, e desejaram, naquele instante, que aquela tarde fosse lembrada por muito tempo. “Embora não possa ser lembrada para sempre”, pensou um deles, consigo mesmo. Porque, como bem havia dito o rapaz, só o Amor permanece.

FIM

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O Dom Supremo – 6 de 7

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O DOM SUPREMO
Henry Drummond

Falta acrescentar muita pouca coisa sobre as razões que levaram Paulo a considerar o Amor como o Dom Supremo. Falta apenas analisar a principal razão. Algo muito importante, que pode ser resumido numa frase curtíssima: O Amor permanece. “O Amor”, insiste Paulo, “jamais acaba”. Então ele nos dá mais uma de suas maravilhosas listas. Fala de assuntos que eram importantes em sua época. Coisas que todos garantiam ser eternas. E mostra como são frágeis, temporárias, agonizantes.
“Havendo profecias, desaparecerão.” Naquele tempo, o sonho de todas as mães era que seus filhos se tornassem profetas. Durante séculos e séculos, Deus tinha escolhido falar ao mundo por meio dos profetas, e estes eram mais poderosos que os Reis. Os homens esperavam, aflitos, que chegasse um novo mensageiro do Alto, e o honravam quando ele aparecia. Paulo é implacável : “Havendo profecias, desaparecerão.” A Bíblia está repleta de profecias. Mas, na medida em que foram transformadas em realidade, perderam seu verdadeiro sentido. Desapareceram como profecias, para se tornarem apenas o alimento da fé de homens piedosos.
Então, Paulo fala sobre as línguas. “Havendo línguas, cessarão”, diz ele. Tanto quanto sabemos, já se passaram milhares de anos desde que as primeiras línguas surgiram sobre a face da Terra. Elas ajudaram o homem a se organizar, crescer, e sobreviver num mundo perigoso e hostil. Onde estão estas línguas? Desapareceram.
Os egípcios construíram pirâmides e gravaram sua escrita em monumentos que permanecem até hoje. Ainda existem como nação, mas sua língua original desapareceu. Considere estes exemplos da maneira que você quiser, inclusive no sentido literal. Embora não fosse esta a principal preocupação de Paulo, pelo menos podemos entender melhor o que ele estava falando. A carta aos coríntios, que lemos e que discutimos durante todo este tempo, foi escrita originalmente em grego antigo.
Se formos até a Grécia com o texto original, pouquíssimas pessoas seriam capazes de decifrá-lo. Há mil e quinhentos anos atrás, o latim dominava o mundo. Hoje não significa mais nada. Reparem as línguas indígenas: estão desaparecendo. A língua original do País de Gales, ou a da Escócia, está morrendo diante de nossos olhos. O livro mais popular da Inglaterra, com exceção da Bíblia, é Pickwick Papers, de Charles Dickens. Foi quase todo escrito num inglês falado pelas pessoas nas ruas. Pois bem: estudiosos nos garantem que, em cinqüenta anos, este livro será ilegível para o leitor comum.
Então, Paulo vai mais longe e acrescenta, com ênfase: “havendo ciência, passará”. Onde está a ciência dos antigos? Sumiu por completo. Hoje, um menino de escola secundária conhece muito mais coisas que Sir Isaac Newton, o descobridor da Lei da Gravidade, conhecia em sua época. O jornal que nos traz as novidades da manhã é jogado fora quando chega a noite. Compramos enciclopédias de dez anos atrás por apenas alguns tostões, porque as conquistas científicas que estão em suas páginas já foram completamente ultrapassadas.
Reparem como a carruagem puxada a cavalo foi substituída pelo vapor. E como a eletricidade, por sua vez, ameaça superar o vapor, jogando no esquecimento centenas de invenções que apenas acabaram de nascer. Uma das maiores autoridades dos dias de hoje, Sir William Thomson, garante: “O motor a vapor em breve deixará de existir.”
“Havendo ciência, passará.” Vemos no fundo dos quintais algumas rodas velhas, peças quebradas, objetos de ferro corroídos pela ferrugem; vinte anos atrás, estas mesmas peças faziam parte de objetos que eram o orgulho de seu dono. Agora não representam mais nada, a não ser um estorvo do qual não conseguimos nos livrar. Toda ciência e toda filosofia de nossa época, de que tanto nos orgulhamos, um dia envelhecerão. Alguns anos atrás, a maior autoridade de Edimburgo era Sir James Simpson, o descobridor do clorofórmio e o precursor da anestesia. Recentemente, o bibliotecário da universidade onde Sir James Simpson lecionava, pediu ao sobrinho do cientista que se livrasse dos livros do tio. Estes já não tinham qualquer interesse para os novos estudantes. O sobrinho disse ao bibliotecário: “Não são apenas os livros de meu tio. Qualquer livro científico com mais de dez anos deve ser levado para o porão.” Sir James Simpson era uma pessoa mundialmente importante; cientistas de todas as partes do planeta vinham consultá-lo. Entretanto, suas descobertas – e quase todas as outras descobertas de sua época – foram superadas.
“Porque agora vemos como num espelho, obscuramente.” Vocês podem me dizer algo que permaneça para sempre? Paulo deixou de mencionar muitas coisas. Não falou em dinheiro, fortuna, fama; limitou-se apenas às coisas importantes do seu tempo, às coisas a que se dedicavam os melhores homens da sua época. E as colocou, decididamente, de lado. Paulo nada tem contra as coisas em si; não falou mal delas. Tudo que disse foi que elas não durariam. Eram coisas importantes, mas não eram dons supremos. Existia algo além delas. O que somos é mais do que fazemos, e muito mais do que possuímos. Muitas coisas, que os homens chamam de pecado, não são pecados; são sentimentos e deslizes que desaparecem rápido. Efêmeros. Este é um argumento favorito do Novo Testamento. João não nos diz que o mundo está errado; diz que “passará”. Existem muitas coisas no mundo que são belas; coisas que nos entusiasmam e nos engrandecem. Mas não vão durar. Todo o reino deste mundo, o deslumbramento de visão, os prazeres da carne, o orgulho, tudo existe apenas por um breve momento. Por isso, não deixe que seu amor se prenda às coisas do mundo. Nada que o mundo contém vale a dedicação e o tempo de uma alma imortal. A alma imortal deve entregar-se a algo que é imortal. E as únicas coisas imortais são “a fé, a esperança e o amor”. Alguns podem dizer, inclusive, que duas destas coisas também passam: a fé, quando sentimos e vivemos a presença de Deus, e a esperança, quando é satisfeita e preenchida. Mas, com toda certeza, o Amor continuará presente.
Deus, o Eterno Deus, é Amor. Busquem, portanto, o Amor – este momento eterno, a única coisa que vai permanecer quando a própria raça humana tiver chegado ao final de seus dias. O Amor será sempre a única moeda corrente aceita no Universo, quando todas as outras moedas, de todas as nações, tiverem perdido seu uso e seu valor. Se vocês querem se entregar a muitas coisas, entreguem-se primeiro ao Amor – e tudo o mais lhes será acrescentado, dando a cada coisa o seu devido valor.
Deem a cada coisa apenas o seu devido valor. Permitam pelo menos que o grande objetivo de suas vidas seja o de conseguir forças suficientes para defender esta ideia, e construir uma existência usando o Amor como principal referência. Como fez Cristo, que construiu toda a sua obra em cima do Amor. Eu comentava que o Amor é eterno. Já repararam como João o associa, várias vezes, à Vida Eterna? Quando eu era criança, me diziam que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Os mais velhos diziam então – lembro-me bem – que Deus amou tanto o mundo que, se confiássemos Nele, teríamos paz, descanso, alegria, ou segurança. Eu tive que descobrir por mim mesmo que não era bem assim. Que, na verdade, todos aqueles que confiassem Nele – isto é, que O amassem, pois a confiança é uma avenida pela qual o Amor caminha – teriam, isto sim, a Vida Eterna.
Os textos sagrados nos falam de uma nova vida. Não ofereça ao próximo apenas a paz, ou o descanso, ou a segurança. Em vez disso, conte como Cristo veio ao mundo para dar ao homem uma vida mais cheia de Amor – e, por isso mesmo, abundante em salvação, longa o suficiente para que possamos nos dedicar ao aprendizado do Amor. Só assim as palavras do Evangelho fazem sentido, e podem tocar o corpo, a alma e o espírito, dando a cada uma destas partes uma orientação e uma finalidade.
Muitos dos textos espirituais que vemos hoje são dirigidos apenas a uma parte do homem. Oferecem Paz, mas não falam em Vida. Discutem a Fé, e esquecem o Amor. Contam sobre a Justiça, e não tocam na Revelação. E o homem termina se afastando da Busca Espiritual, porque esta foi incapaz de mantê-lo em sua trilha. Não cometamos esses erros. Que fique sempre claro para nós que só o Amor Total pode competir com o amor deste mundo. Amar abundantemente é viver abundantemente. Amar para sempre é viver para sempre. A vida Eterna está completamente acorrentada ao Amor.
Por que queremos viver para sempre? Porque desejamos que o dia de amanhã nos traga alguém que amamos. Porque queremos conviver mais um dia com a pessoa que está ao nosso lado. Porque queremos encontrar alguém que mereça nosso amor, e que saiba, por sua vez, nos amar como achamos que merecemos. Por isso, quando um homem não tem ninguém que o ame, sente uma profunda vontade de morrer. Enquanto ele tiver amigos, gente que ele ama e que o ama, ele viverá. Porque viver é amar. Até mesmo o amor por um animal de estimação – um cachorro, por exemplo – pode justificar a vida de um ser humano. Mas se ele não tiver mais esse laço de amor com a vida, desaparece também qualquer razão para continuar vivendo. A “energia da vida” falhou.
Participar da Vida Eterna significa conhecer o Amor. Deus é Amor. João diz: “Estamos no verdadeiro, em seu Filho. Este é o verdadeiro Deus e a Vida Eterna.” Seja qual for sua crença, ou sua Fé, busque primeiro o Amor. E o resto lhes será acrescentado. Pois o Amor precisa ser eterno. Porque Deus o é. Amor é Vida. O Amor nunca falha, e a vida não falhará enquanto houver Amor. É isto que Paulo nos mostra: que, no fundo de todas as coisas criadas, o Amor está presente como o Dom Supremo – porque o Amor permanece, enquanto as coisas acabam. O Amor está aqui, existe em nós agora, neste momento. Não é algo que nos venha a ser dado depois de morrermos. Ao contrário, teremos pouquíssimas chances de aprender o Amor quando estivermos velhos se não o buscarmos e o praticarmos agora.
O pior destino que um homem pode ter é viver e morrer sozinho, sem amar e sem ser amado. Quem ama está salvo. Quem não ama, nem é amado, está condenado. E aquele que se alegra no Amor, se alegra em Deus, porque Deus é amor.

FONTE: BLOG TEMPLO DOS ILUMINADOS

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O Dom Supremo – 5 de 7

O DOM SUPREMO
Henry Drummond
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Chega de analisar o Amor. Agora temos que nos esforçar para que todos estes ingredientes passem a fazer parte de nós mesmos. Este deve ser o nosso objetivo no mundo: aprender a amar. A vida nos oferece milhares de oportunidades para aprendermos a amar. Todo homem e toda mulher, em todos os dias de suas vidas, têm sempre uma boa oportunidade de entregar-se ao Amor. A vida não é um longo feriado, mas um constante aprendizado. E a mais importante lição que temos é: aprender a amar. Amar cada vez melhor.
O que faz do homem um grande artista, um grande escritor, um grande músico? Prática. O que faz do homem um grande homem? Prática. Nada mais. O crescimento espiritual aplica as mesmas leis usadas pelo corpo e pela alma. Se um homem não exercita seu braço, jamais terá músculos. Se não exercita sua alma, jamais terá fortaleza de caráter, nem ideais, nem a beleza do crescimento espiritual. O Amor não é um momento de entusiasmo. O Amor é uma rica, forte e generosa expressão de nossas vidas, a personalidade do homem em seu mais completo desenvolvimento. E, para construir isso, precisamos de uma prática constante.
O que fazia Cristo na carpintaria? Praticava. Embora perfeito, aprendia, todos nós já lemos sobre isso. E assim, ele crescia em sabedoria, para Deus e para os homens. Procure ver o mundo como um grande aprendizado de Amor, e não fique lutando contra aquilo que acontece em sua vida. Não reclame por precisar estar sempre atento, ser obrigado a viver em ambientes mesquinhos, cruzando com almas pouco desenvolvidas. Essa foi a maneira que Deus encontrou para você praticar o Amor. E não se assuste com as tentações. Não se surpreenda com o fato de elas estarem sempre à sua volta, e não se afastarem, apesar de tanto esforço e tanta prece. É desta maneira que Deus trabalha sua alma. Tudo isso o está ensinando a ser paciente, humilde, generoso, entregue, delicado, tolerante. Não afaste a Mão que esculpe a sua imagem, porque esta Mão também mostra o seu caminho. Esteja certo de que você está ficando mais belo a cada minuto que passa, e, embora não perceba, dificuldades e tentações são ferramentas utilizadas por Deus. Lembrem-se das palavras de Göethe: “o talento se desenvolve na solidão; o caráter, no rio da vida.” O talento se desenvolve na solidão; a prece, a Fé, a meditação, se desenvolvem na visão clara da vida. Mas o caráter só pode crescer se fizermos parte do mundo. Porque é no mundo que aprendemos a Amar.
Pois bem, eu mostrei alguns aspectos do Amor, para facilitar nossa compreensão a respeito de Deus e do próximo. Mas são apenas aspectos. O Amor jamais pode ser definido. A luz é muito mais do que a soma de seus componentes, é algo que brilha, fulgurante, no espaço. E o Amor é muito mais do que a soma de todos os seus ingredientes. É algo vivo, palpitante, divino. Se misturarmos todas as cores do arco-íris, tudo que conseguimos criar é a cor branca, não conseguimos fazer a luz. Da mesma maneira, ao sintetizar todas as virtudes das quais falamos, podemos nos tornar virtuosos, mas não quer dizer que tenhamos aprendido a amar. Então, como vamos trazer o Amor para dentro de nossos corações? Vamos trabalhar nossa vontade, para mantê-lo sempre próximo. Vamos tentar copiar os que aprenderam a amar. Vamos esquecer todas as regras que nos ensinaram sobre o que é o Amor, inclusive estas minhas palavras. Vamos orar. Vamos vigiar. Nada disso, porém, vai nos fazer amar, porque o Amor é um efeito. E, só ao conhecermos a causa, o efeito se manifestará. Devo dizer qual é esta causa? Se lermos a versão revisada da Primeira epístola de João, vamos encontrar as seguintes palavras: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro”. Está escrito: “Nós amamos”, e não “Nós O amamos”, como pensam alguns. “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro.” Reparem na palavra porque. Essa é a causa a que me refiro. Porque Ele primeiro nos amou, o efeito, consequentemente, é que nós amamos. Somos todos manifestações do Amor. Amamos a Ele, amamos a nós mesmos, amamos a todos. É assim. Nosso coração vai aos poucos se transformando. Contemplem o Amor que lhes é dado, e saberão como amar.
Você não pode se obrigar a amar, e tampouco pode obrigar a qualquer pessoa. Tudo que pode fazer é olhar o Amor, apaixonar-se por ele, e copiá-lo. Ame o Amor. Olhe o grande sacrifício que Ele propôs a si mesmo. Ao amá-lo, você se tornará como Ele. O Amor produz Amor. Coloque uma peça de ferro numa fonte de eletricidade, e você levará um choque. É um processo de indução. Ou a coloque perto de um ímã, e esta peça também se transformará em um ímã enquanto estiver ali. Permaneça perto de Quem nos amou, e você será imantado por esse Amor. Qualquer homem que buscar esta Causa, terá o seu Efeito. Tente livrar-se do preconceito de que a Busca Espiritual existe por acaso, ou capricho, ou por nosso gosto por mistério. Ela está aí por causa de uma lei natural, ou melhor, espiritual, porque é uma lei divina.
Edward Irving visitava um menino que estava morrendo. Ao entrar no quarto, colocou a mão na testa do garoto e disse: “Garoto, Deus te ama.” Não disse mais nada. Saiu em seguida. O garoto levantou-se, chamou todas as pessoas da casa, e gritava: “Deus me ama! Deus me ama!” A mudança foi completa; a certeza de que Deus o amava lhe deu forças, destruiu o que havia de mal, e permitiu sua transformação. Da mesma maneira, o Amor derrete o mal que existe no coração de um homem e o transforma em uma nova criatura, paciente, humilde, tolerante, gentil, entregue (desapegado), sincera. Não existe nenhuma outra maneira de conseguir amar, e tampouco há qualquer mistério sobre isso. Nós amamos os outros, amamos a nós mesmos, amamos nossos inimigos, porque, primeiro, fomos amados por Ele.

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